Pilpo Fadini é referência internacional do trance brasileiro. Apresenta o programa quinzenal Trance Feeling Sessions, para o mundo inteiro. Começou a descotear em 2002, e apesar de amar o trance, partiu, no começo, para uma linha de house e dance, retornando ao seu estilo preferido sempre ao final de cada set.
Confira:
01. Em suas apresentações, você sempre tocou muito House e Dance e há pouco tempo embarcou no Trance, que me parece que é o estilo que mais te agrada. Como foi essa transição? E por que só agora? Conte um pouco sobre essa paixão.
R: Eu sempre amei o trance, desde os primeiros clubs que eu freqüentei, em 1999, quando ouvia Ronaldo Gasparian e Zé Pedro mandando este estilo na cabine da THE POOL, aliás, o melhor club brasileiro de todos os tempos na minha opinião. Nesta época o trance rolava muito nas rádios e nas compilações brasileiras, como: Metro Tech, Na Balada JP, etc. Mas minha paixão era em relação aos timbres do trance, que até me fascinam. É feeling puro, o grande diferencial do trance é que ele mexe com o sentimento das pessoas!
Quando eu comecei a discotecar, em 2002, a “popularização” do trance já estava no final e o que mais tínhamos na maioria dos clubs e rádios era a house/ dance music. Eu acabei seguindo essa linha, já que eu estava começando a atuar como DJ e era bem difícil já chegar com um estilo que estava na contramão da cena. Porém, sempre no final do meu set (naquela época, era normal os DJs residentes fazerem sets de 04h/05h) eu mandava cerca de 01h de trance pra quem ainda estava vivo na pista, mandando sons do tipo Seven Cities, Nothing But You e Melt To The Ocean (que hoje são clássicos idolatrados do trance).
02. Como é hoje o espaço do Trance nas pistas brasileiras?
R: Hoje temos festas e projetos bem fortes aqui e que são levadas para quase todos os cantos do país, como: a State Of Trance (SP), Trance Republic (RS) e, mais recentemente, a representação brasileira para o projeto do Tiësto contra a AIDS no mundo: Dance4Life que já passou por SP, RJ e BA.
Com este crescimento da cena nacional, têm surgido também mais festas e noites em clubs trazendo muitos gringos pra cá. Em 2007 e 2008 esta safra gringa no Brasil está mais forte do que nunca, sendo que praticamente temos um gringo tocando aqui a cada 15 dias.
E isso sem contar as diversas festas de nome internacional que vêm investindo na divulgação de seu nome por aqui também, como: Gatecrasher, DJ Mag, Creamfields, Godskitchen, etc.
03. Muitas pessoas chegam a comparar o verdadeiro Trance com os timbres do House. Você, não é por acaso, toca os dois estilos. Até que ponto vai essa semelhança, aos ouvidos do público, e aos olhares dos profissionais?
R: Na verdade eu não toco House, eu toco trance e um pouco (± 20% de um set) de progressive house. Há muitas semelhanças sim entre os 2 estilos, principalmente pelo fato de hoje termos muitos trances sendo produzidos entre 130 e 134 bpm’s (sendo que as bpm’s do house variam entre 128 e 132) e muitos produtores dos 2 estilos serem mais versáteis, buscando em suas produções mesclarem um pouco de cada estilo da e-music, criando seu estilo próprio. Quando eu ouço Sander van Doorn, por exemplo, não sei dizer se ele produz trance, minimal, house ou techno. Sei que é uma mistura muito forte, cujo resultado não poderia ser diferente: Muito groove, feeling, levadas dançantes, viagens e sucesso total na pista em que é tocado, que é o principal. Isso também é excelente para toda a cena eletrônica, desde os DJs e produtores até o público.
04. Dizem até que as batidas do Trance são mais parecidas com o House do que com o Psytrance. E você é um exemplo de que do House para o Trance é um pulo. Já não ocorre o mesmo com o Psy. O que você afirmaria sobre isso?
R: Tanto no house como no trance, o produtor ou DJ sente que há um sentimento na música, e acho que é por isso que ambos os estilos tendem a serem eternos.
Se houve um pulo do trance para o psy, ele foi mais ou menos igual ao de um jogador de futebol para um de xadrez. A não ser as versões de psy que foram criadas a partir de trances, como: As The Rush Comes e Silence, entre outras, não vejo muita ligação entre os 2 estilos.
Nem gosto muito de entrar na questão da “essência” ou origem do psy porque cada pessoa tem sua história sobre isso. É como discutir futebol, política ou religião: cada um sempre defenderá seu ponto de vista e nunca chegaremos a conclusão nenhuma.
05. Por que você acha que o Psytrance recebeu esse nome, se muitas vezes suas batidas nada levam do verdadeiro Trance?
R: O que dizem por aí é que o psy (repare que eu escrevo psy e não psytrance) é uma evolução do Goa trance. Existem diversas histórias que dizem que o Goa existe desde as décadas de 70/80 e que aos poucos foi-se acrescentando elementos mais psicodélicos nas músicas até naturalmente mudar-se o nome para psy! Eu sinceramente não tenho interesse em saber de onde surgiu o psy ou a veracidade dessas histórias que eu ouço, pois é um estilo que não agrada meus seletos ouvidos.
06. Você conhece DJs que migraram do Psytrance para o Trance, ou vice e versa?
R: Não conheço DJ que tenha migrado entre os estilos, mas conheço alguns DJs com um bom nome na cena psy que admiram trance mas optam por tocar psy porque “tem mais mercado”, dá mais grana, tem mais festas e tudo mais. Eu sinto que não há paixão nesse estilo tão falado atualmente.
07. Você acha que o Trance no Brasil está em ascendência?
R: Sem nenhuma dúvida o trance está em ascendência no Brasil por N motivos, mas principalmente de 2006 para cá, quando as produções de nossos brazucas Fabio Stein, Danilo Ercole, Danny Oliveira, DJ Jack e Superti começaram a ter destaque e suporte nas mãos de gringos renomados em seus DJ sets ou radioshows, como: Armin van Buuren, Tiësto, Judge Jules, Paul van Dyk, Sander van Doorn, etc.
08. O público da DJ Mag elegeu em anos seguidos DJs de trance em primeiro lugar. Isso refletiu no Brasil?
R: E vai continuar elegendo DJs de trance no topo por um bom tempo ainda, se Deus quiser. Refletiu no Brasil apenas no fato de que os organizadores utilizam esse dado (Festa com DJ nº tal do ranking DJ MAG) para promover a festa, mas para o crescimento da nossa cena não tem muito reflexo esse ranking, apesar de ser saudável e bem cultural discutí-lo e comentá-lo ano ano!
09. O "Trance Feeling Sessions (TFS)" é um show quinzenal, no qual você mostra sons de Trance para o mundo todo. Os brasileiros estão ouvindo esse programa em que proporção comparado com o resto do mundo e com outras vertentes do Trance?
R: Esse show é meu xodó (rs). O Trance Feeling Sessions fez 1 ano em Junho/08 e tenho muitos feedbacks positivos e audiência dos meus fãs e brazucas e geral sim. Em média, 600 pessoas no mundo ouvem-no online na hora que ele é executado na Afterhours.Fm (AH.FM - Canadá, a cada 15 dias, às 19h das sextas-feiras), sendo que a webradio ainda o reprisa em diversos outros dias e horários aleatórios. Pelo que eu acompanho em fóruns de discussão, somente 5% a 10% desses ouvintes são brasileiros.
Comparando-o com outros shows na mesma webradio em que ele é executado, o TFS tem uma audiência quase igual a shows de top DJs gringos, como: DJ Shah, Sean Tyas, Aly & Fila, Markus Schulz, Marcus Schossow, que têm em média 750 ouvintes.
O mais interessante disso tudo é saber que a AH.FM tem apenas 2 anos de vida e que já aparece na cena mundial de maneira bem forte e lá estou eu e mais dois representantes brasileiros: Vitor Moya e Supermassive, representando a nossa pátria: o trance!
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
aaaaaaaaa eu adoro o som do pilpoooo!
Obrigada gabi por essas entrevistas.. coloca logo as outras.
bjoo
É bem por aí... coloca logo as outras entrevistas q vc prometeu gabi, ta td mundo querendo ver!
Beijão!
Gente! Desculpa a demora de postar. Essa pós graduação ta me sugando, fora os trabalhos e freelas que eu faço. Mas sempre acho um tempinho para postar aqui, adoro esse blog. Beijos para vocês.
Obrigado pela oportunidade da entrevista e por abrir as portas para o nosso TRANCE Gaby!
Muitíssimo obrigado também pelos elogios dos visitantes aqui do Undertronika e do psyte! Eu fico realmente feliz que curtiram todas as entrevistas de nossos DJs de Trance Brazucas!
Super abraços e boa semana a todos!
Pilpo, adorei a entrevista. Cada papo (e cada linha lida) é um passo a mais pra entender a e-music e suas vertentes (que são tantas!!!). Mas de uma coisa eu já sei desde a primeira vez que te ouvi: sou tranceira!!! ITWT, TE. Bjo e sucesso.
À jornalista (creio que o seja, por causa dos "feeelas"): well done!.
Postar um comentário