1-) Você acha que o mercado para quem trabalha com o Trance está melhor aqui no país, ou ainda falta muito? Como é o espaço para esse estilo nas pistas brasileiras?
Sem dúvida houve uma evolução nítida no espaço para o Trance na cena Brasileira. A iniciativa de núcleos locais criando seus próprios eventos, incentivando o intercambio de dj´s de estados diferentes e o interesse dos principais club´s do pais no estilo, foram definitivos para essa evolução, mas acho que é apenas a ponta do iceberg. Tem muito mais a crescer no futuro.
2-) Como você vê a evolução da cena Trance no Brasil? (sendo que ela já esteve em alta, quase desapareceu e hoje, ao que me parece, está retornando novamente - Você concorda com essa afirmação?)
Definitivamente não concordo. Acho que no passado não houve de fato um boom pois de fato, ainda não existia uma cena trance. Em 99/00 alguns dj´s brasileiros apostaram no estilo e incluiram faixas de trance em seus set´s, mas acho que isso nao foi o suficiente para ser considerado o boom inicial do estilo no país. No mundo, realmente o ano 2000 marcou com força e concretizou o trance como o estilo mais popular na cena internacional. Vários nomes começaram a realizar tours internacionais espalhando ainda mais o estilomas houve um delay. No Brasil, demorou 2 a 3 anos até realmente o som chegar com mais força aqui e ter efetivamente uma cena embrionária.
3-) E aí no Rio, como está a evolução do Trance?
O rio tem uma característica muito particular, que é a receptividade em conhecer sons novos. Aqui e muito comum reunir vários estilos diferentes e uma mesma noite. Com a grande variedade de sonoridades que o trance oferece, é fácil se adaptar à proposta do evento e seguir diferentes linhas dentro do estilo. No início em 02/03 os beats mais acelerados do Hard-Trance eram muito bem aceitos nos eventos open-air, mas com o tempo, o tech-trance ganhou espaço. Atualmente, a linha de progressive trance é a que tem maior receptividade do público carioca e até mesmo algumas das faixas com vocais foram parar nas fm´s e set´s de dj´s que fazem um som comerical em boites. A passagem dos grandes nomes do estilo pelo Rio também ajudou muito a despertar o interesse do público em conhecer o Trance.
4-) Se hoje o Trance no Brasil está mais em alta do que os últimos tempos, você considera que a eleição seguida de Djs de Trance pela Dj Mag tem algo a ver com isso?
Acho que para o público em geral que não um olho mais crítico para avaliar tecnicamente os DJ´s ou até mesmo boa parte dos promotores de evento que estão mais interessados em um bom gancho de marketing do que efetivamente em música boa, pode ser que haja uma influência sim, mas não a ponto de ser um fator decisivo na crescente popularidade do estilo no país. Essas listas são apenas uma referencia, mas não devem ser levadas tão a sério.
5-) O Psytrance, por sua vez, está em certa decadência. É possível que o Trance tenha o seu boom novamente?
Acredito que os estilos tem sempre um ciclo de popularidade e momentos de altos e baixos. Depende muito da qualidade de novos produtores em se auto-recriar para manter uma sonoridade atual e inovadora, mas nem sempre isso acontece. Se o som não evolui, é uma questao de tempo até tornar-se enjoativo e perder parte do seu público, e por isso acho que é importante pesquisar os novos nomes que surgem. Hoje em dia, na minha opnião as melhores faixas que tenho ouvido são de nomes que estão fora do top 100 da DJ MAG, mas musicalmente, estão a anos luz dos big names. A entrada de estilos de BPM mais baixo nas raves, acaba contribuindo para um redirecionamento de parte do público que acaba migrando para outros estilos.
6-) Sem entrar em questão de gosto pessoal, e sem virar mais uma discussão chata sobre o que é melhor e o que é pior, mas por que você acha que o Psytrance recebeu esse nome, sendo que - muitas pessoas afirmam que - em nada esse estilo tem de Trance? O que você acha disso?
Eu sempre achei uma grande perda de tempo essa polêmica criada sobre este assunto. Não posso mentir que a alguns anos atras eu ficava bastante frustrado quando ao dizer que tocava trance, a maior parte do público assossiava diretamente ao Psy, mas isso ja passou. Com o tempo, ficou claro pra mim que o uso de rótulos é um limitador perigoso para o DJ e passei a não me preocupar mais com o que estava tocando, focando apenas em musicas que considero boas, sem rótulos. Acho que cada DJ tem que tocar o som que acredita, seja lá qual for.
7-) Você conhece djs que migraram do Psytrance para o Trance, ou vice e versa?
Muita gente não sabe, mas grandes nomes da cena psy como o Du Serena já tocaram trance no início da carreira. Até mesmo nomes do underground techno como o Renato Bastos, já tocaram hard-trance e hard-house. Acho normal que ao longo do tempo, o interesse do DJ siga para sonoridades diferentes e na maioria das vezes, isso é muito saudável pois dá um gás novo. Alguns nomes novos que começaram tocando trance aqui no rio acabaram mudando para outros estilos por motivos diferentes, mas acho que para se ter um resultado de um trabalho difícil como DJ é fundamental ter perseverança e paciência, e pouca gente tem isso.
8-) Quando você começou a tocar e desde o início você curtia Trance? Que estilo de Trance você mais toca?
Eu comecei tocando rock como The Clash e Simple Minds em 1987 e passei por tudo quanto é estilo ao longo de 20 anos de carreira. Antes de ser DJ "disso ou daquilo", eu sou DJ e minha maior felicidade é ver todo mundo dançando e se divertindo na pista, o resto é detalhe. Comecei a me interessar por música eletrônica no meio dos anos 90, já com quase 10 anos de carreira. Frequentava festas alternativas no Rio como a Bitch e Val-Demente pois gostava de ouvir coisas diferentes. Em 99 estive em londres e foi o meu primeiro contato direto com o Trance, mas inicialmente me interessei mais pelo Hard-House, seguindo depois para o Hard-Trance, ambos com sonoridade bem agressivas. Com o tempo fui conhecendo as outras sub-vertentes do estilo e abri um grande leque, sem me prender. Atualmente, vou muito além do Trance, trazendo para o meu case faixas de outros estilos que de alguma forma tem a minha cara e que vão encaixar em algum momento no meu set, principalmente em club´s pequenos, onde o BPM mais baixo tem um resultado melhor. Melodia, vocais e um bom groove são ítens fundamentais na minha escolha de um track.
9-) Você comanda o conceituado Transtronic na Transamérica do Rio. Você acha que o programa sobreviveria se você mandasse somente Trance para os ouvintes? Qual a essência desse programa para você e o que não pode entrar de jeito nenhum na programação?
Estou envolvido com programas de rádio desde 95, sendo que estou a frente do Transtronic desde 2002, e posso dizer que nunca tive um resultado de audiência tão gratificante como hoje. Os meus set´s na rádio acompanharam a minha evolução nas pistas, e a pelo menos 2 anos eu toco pelo menos 1 módulo do programa de outros estilos, mas o Trance continua presente. Ao abrir este leque, consegui agregar um público muito maior, interessado em música eletrônica de qualidade, sem preocupãção com rótulos. Não vejo limitações para o programa que sempre recebe Dj´s convidados de vários estilos, como Armin Van Buuren e Tocadisco.
10-) Quais são os seus planos e seus empreendimentos futuros?
Neste mês estou finalizando a tour de lançamento do CD "Evolution By Roger Lyra" que já passou por 7 estados e nos proximos 15 dias vai aportar em Vitória, Porto Alegre e Curitiba. Ainda este ano chega as lojas o meu DVD, gravado no Vivo Rio, casa de show aqui no Rio onde toquei junto com o FatBoy Slim e registrei as 3 horas do meu set. Desde março, tenho dedicado minhas madrugadas durante a semana ao meu home-studio, produzindo algumas faixas que já estão com lançamento agendado para os próximos meses, algumas pelo selo holandês Fektive e outras pelo brazuka Lo Kik. Na NRG Music & Management onde atudo como Diretor Artístico, vamos continuar investindo em parcerias para lançar Cd´s e DVD´s de nomes como Armin Van Buuren e Paul Van Dyk pelo meu selo, e na divisão de eventos, estamos na reta final para o Lançamento do festival Creamfields no rio, que terá sua terceira edição dia 14 de Novembro. Fora isso, passo todo tempo disponível em casa curtindo a família e principalmente minha filha Brenda, que acabou de completar 8 meses e mal vê o Pai...
Sem dúvida houve uma evolução nítida no espaço para o Trance na cena Brasileira. A iniciativa de núcleos locais criando seus próprios eventos, incentivando o intercambio de dj´s de estados diferentes e o interesse dos principais club´s do pais no estilo, foram definitivos para essa evolução, mas acho que é apenas a ponta do iceberg. Tem muito mais a crescer no futuro.
2-) Como você vê a evolução da cena Trance no Brasil? (sendo que ela já esteve em alta, quase desapareceu e hoje, ao que me parece, está retornando novamente - Você concorda com essa afirmação?)
Definitivamente não concordo. Acho que no passado não houve de fato um boom pois de fato, ainda não existia uma cena trance. Em 99/00 alguns dj´s brasileiros apostaram no estilo e incluiram faixas de trance em seus set´s, mas acho que isso nao foi o suficiente para ser considerado o boom inicial do estilo no país. No mundo, realmente o ano 2000 marcou com força e concretizou o trance como o estilo mais popular na cena internacional. Vários nomes começaram a realizar tours internacionais espalhando ainda mais o estilomas houve um delay. No Brasil, demorou 2 a 3 anos até realmente o som chegar com mais força aqui e ter efetivamente uma cena embrionária.
3-) E aí no Rio, como está a evolução do Trance?
O rio tem uma característica muito particular, que é a receptividade em conhecer sons novos. Aqui e muito comum reunir vários estilos diferentes e uma mesma noite. Com a grande variedade de sonoridades que o trance oferece, é fácil se adaptar à proposta do evento e seguir diferentes linhas dentro do estilo. No início em 02/03 os beats mais acelerados do Hard-Trance eram muito bem aceitos nos eventos open-air, mas com o tempo, o tech-trance ganhou espaço. Atualmente, a linha de progressive trance é a que tem maior receptividade do público carioca e até mesmo algumas das faixas com vocais foram parar nas fm´s e set´s de dj´s que fazem um som comerical em boites. A passagem dos grandes nomes do estilo pelo Rio também ajudou muito a despertar o interesse do público em conhecer o Trance.
4-) Se hoje o Trance no Brasil está mais em alta do que os últimos tempos, você considera que a eleição seguida de Djs de Trance pela Dj Mag tem algo a ver com isso?
Acho que para o público em geral que não um olho mais crítico para avaliar tecnicamente os DJ´s ou até mesmo boa parte dos promotores de evento que estão mais interessados em um bom gancho de marketing do que efetivamente em música boa, pode ser que haja uma influência sim, mas não a ponto de ser um fator decisivo na crescente popularidade do estilo no país. Essas listas são apenas uma referencia, mas não devem ser levadas tão a sério.
5-) O Psytrance, por sua vez, está em certa decadência. É possível que o Trance tenha o seu boom novamente?
Acredito que os estilos tem sempre um ciclo de popularidade e momentos de altos e baixos. Depende muito da qualidade de novos produtores em se auto-recriar para manter uma sonoridade atual e inovadora, mas nem sempre isso acontece. Se o som não evolui, é uma questao de tempo até tornar-se enjoativo e perder parte do seu público, e por isso acho que é importante pesquisar os novos nomes que surgem. Hoje em dia, na minha opnião as melhores faixas que tenho ouvido são de nomes que estão fora do top 100 da DJ MAG, mas musicalmente, estão a anos luz dos big names. A entrada de estilos de BPM mais baixo nas raves, acaba contribuindo para um redirecionamento de parte do público que acaba migrando para outros estilos.
6-) Sem entrar em questão de gosto pessoal, e sem virar mais uma discussão chata sobre o que é melhor e o que é pior, mas por que você acha que o Psytrance recebeu esse nome, sendo que - muitas pessoas afirmam que - em nada esse estilo tem de Trance? O que você acha disso?
Eu sempre achei uma grande perda de tempo essa polêmica criada sobre este assunto. Não posso mentir que a alguns anos atras eu ficava bastante frustrado quando ao dizer que tocava trance, a maior parte do público assossiava diretamente ao Psy, mas isso ja passou. Com o tempo, ficou claro pra mim que o uso de rótulos é um limitador perigoso para o DJ e passei a não me preocupar mais com o que estava tocando, focando apenas em musicas que considero boas, sem rótulos. Acho que cada DJ tem que tocar o som que acredita, seja lá qual for.
7-) Você conhece djs que migraram do Psytrance para o Trance, ou vice e versa?
Muita gente não sabe, mas grandes nomes da cena psy como o Du Serena já tocaram trance no início da carreira. Até mesmo nomes do underground techno como o Renato Bastos, já tocaram hard-trance e hard-house. Acho normal que ao longo do tempo, o interesse do DJ siga para sonoridades diferentes e na maioria das vezes, isso é muito saudável pois dá um gás novo. Alguns nomes novos que começaram tocando trance aqui no rio acabaram mudando para outros estilos por motivos diferentes, mas acho que para se ter um resultado de um trabalho difícil como DJ é fundamental ter perseverança e paciência, e pouca gente tem isso.
8-) Quando você começou a tocar e desde o início você curtia Trance? Que estilo de Trance você mais toca?
Eu comecei tocando rock como The Clash e Simple Minds em 1987 e passei por tudo quanto é estilo ao longo de 20 anos de carreira. Antes de ser DJ "disso ou daquilo", eu sou DJ e minha maior felicidade é ver todo mundo dançando e se divertindo na pista, o resto é detalhe. Comecei a me interessar por música eletrônica no meio dos anos 90, já com quase 10 anos de carreira. Frequentava festas alternativas no Rio como a Bitch e Val-Demente pois gostava de ouvir coisas diferentes. Em 99 estive em londres e foi o meu primeiro contato direto com o Trance, mas inicialmente me interessei mais pelo Hard-House, seguindo depois para o Hard-Trance, ambos com sonoridade bem agressivas. Com o tempo fui conhecendo as outras sub-vertentes do estilo e abri um grande leque, sem me prender. Atualmente, vou muito além do Trance, trazendo para o meu case faixas de outros estilos que de alguma forma tem a minha cara e que vão encaixar em algum momento no meu set, principalmente em club´s pequenos, onde o BPM mais baixo tem um resultado melhor. Melodia, vocais e um bom groove são ítens fundamentais na minha escolha de um track.
9-) Você comanda o conceituado Transtronic na Transamérica do Rio. Você acha que o programa sobreviveria se você mandasse somente Trance para os ouvintes? Qual a essência desse programa para você e o que não pode entrar de jeito nenhum na programação?
Estou envolvido com programas de rádio desde 95, sendo que estou a frente do Transtronic desde 2002, e posso dizer que nunca tive um resultado de audiência tão gratificante como hoje. Os meus set´s na rádio acompanharam a minha evolução nas pistas, e a pelo menos 2 anos eu toco pelo menos 1 módulo do programa de outros estilos, mas o Trance continua presente. Ao abrir este leque, consegui agregar um público muito maior, interessado em música eletrônica de qualidade, sem preocupãção com rótulos. Não vejo limitações para o programa que sempre recebe Dj´s convidados de vários estilos, como Armin Van Buuren e Tocadisco.
10-) Quais são os seus planos e seus empreendimentos futuros?
Neste mês estou finalizando a tour de lançamento do CD "Evolution By Roger Lyra" que já passou por 7 estados e nos proximos 15 dias vai aportar em Vitória, Porto Alegre e Curitiba. Ainda este ano chega as lojas o meu DVD, gravado no Vivo Rio, casa de show aqui no Rio onde toquei junto com o FatBoy Slim e registrei as 3 horas do meu set. Desde março, tenho dedicado minhas madrugadas durante a semana ao meu home-studio, produzindo algumas faixas que já estão com lançamento agendado para os próximos meses, algumas pelo selo holandês Fektive e outras pelo brazuka Lo Kik. Na NRG Music & Management onde atudo como Diretor Artístico, vamos continuar investindo em parcerias para lançar Cd´s e DVD´s de nomes como Armin Van Buuren e Paul Van Dyk pelo meu selo, e na divisão de eventos, estamos na reta final para o Lançamento do festival Creamfields no rio, que terá sua terceira edição dia 14 de Novembro. Fora isso, passo todo tempo disponível em casa curtindo a família e principalmente minha filha Brenda, que acabou de completar 8 meses e mal vê o Pai...
2 comentários:
to legal essa iniciativa... parabéns!
Gostei também. Estou entrando todos os dias no seu blog para ver as outras entrevistas. Sei o quanto sua vida é corrida, e sei tb que vc faz o melhor para nos passar as melhores informações.
Valeuuuuuuuu
Beijão!
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