quinta-feira, 26 de junho de 2008

Entrevista com o Dj Márcio TPS


O Dj e produtor de eventos Márcio TPS é de São Paulo, mas foi morar no Rio Grande do Sul já há algum tempo, onde tem realizado festas importantes para a cena do sul do país.
Márcio concedeu uma entrevista polêmica para uma matéria que eu escrevi para o Psyte, e resolvi publicá-la na íntegra aqui no blog, pois ela é cheia de revelações e percepções interessantes dessa figura, que não tem papas na língua!
Confira:

1-) O que você acha das panelinhas existentes entre os núcleos das festas? Como elas se estruturam, e quando começam a atrapalha a cena?

Acho que as panelinhas funcionam como uma panela sem tampa, não cozinha o alimento direito. A cultura da música eletrônica perdeu musicalidade artística que durou até o final da década de noventa, consequentemente muitos profissionais deixaram de ser bookados. Hoje em dia produtores também passaram a ser deejays, e acabaram abraçando o “eu toco ai que você toca aqui” uma política desleal com o mercado fazendo com que djs se sintam ridicularizado. Quem perde é a evolução da cultura eletrônica, o público privado de ter acesso a diversos profissionais espalhados pelo Brasil cheio de conteúdo, musicalidade e técnica para mostrar. O fim do vinil, a digitalização da musica e o boom da cena eletrônica tornou-se muito fácil e matemático ser um Deejay, existe boas escolas e bons profissionais, mas acredito que a ética deixa a desejar, além disso, surgiram muitos núcleos sem conceitos e referências visando apenas o lado financeiro se preocupar com a qualidade sonora!


2-) Que nichos de negócios estão dando mais dinheiro hoje no mercado psytrance brasileiro, e o que não compensa mais? Você saberia me dizer por que isso acontece?

As festas comerciais com certeza dão muito mais dinheiro, mas também trazem mais problemas, por exemplo: Aqui em Porto Alegre tivemos sérios problemas com dois grandes e importantes núcleos da cena Paulista a exxxpirience e a tribe. Tivemos algumas edições da xxx com recordes de ligações para a policia ambiental devido ao mega sound system montado no evento, a tribe foi à mesma coisa e isso acaba “queimando” e dificultando a autorização para eventos produzidos por núcleos locais que respeitam a localização e o afastamento das zonas urbanas. É claro que trazer um mega evento com um mega line up e disponibilizar atrações de porte para o público é extremamente importante, mas requer uma boa localização, porém, acredito que não compense devido aos problemas deixados e que acabamos sofrendo o pacto. Eventos menores não ganham muita grana, mas atrai um público selecionado que vai atrás de boa música independente de localização, evitando problemas com o poder público e facilitando a retirada de alvará!

3-) Você acredita que a cena ainda vai durar muito tempo?

Acredito após a virada de 2000 a cena já não é mais, tecnho, psytrance, house, minimal e outros, hoje com certeza existem tribos e até diversos estilos diferentes dentro de um evento quebrando "pré-conceito”, podemos falar de cultura e quando se fala de cultura fala-se de comportamento, música de expressão e entretenimento, geração de emprego que é extremamente importante para o pais. No fim da década de 80 até meados de 95 a música passou por grandes momentos, após esse período houve uma queda centralizando estilos em determinados locais e regiões. A popularização que houve em 2000 foi gratificante e extremamente necessária para que firmássemos a cultura eletrônica no país inclusive perante as autoridades públicas, com a popularização e a informação abriram-se portas para cursos e a profissionalização de pessoas que se identificam com a música eletrônica no geral, porém, na parte organizacional ainda falta muito a fazer.

4-) Na sua opinião, há um monopólio de mercado, ou há espaço para todo mundo?

Acredito que haja um monopólio “Brasileiro” e que é temporário para esses oportunistas, já está rolando a abertura do mercado e muito em breve será de todos, basta serem bom! Um fator positivo com a digitalização e globalização mundial é a possibilidade de haver sites que comercializam e-muscic através de dawnloads, isso favorece qualquer artista conhecido ou não, bastar estar fazendo musica. É incrível, tem muita gente boa produzindo por ai, imagina a possibilidade de finalizar uma track e disponibilizar em minutos para todo o globo isso é extremamente positivo.

5-) A IWFC NET Music, Ultravision e a Daylight são seus meios de vida hoje em dia? Conte um pouco sobre os seus nichos de mercado e como faz para sobreviver.

A IWFC é um dos primeiros portais de venda de e-music no Brasil, antigamente funcionava apenas como gravadora, já lançou artistas como Pedra Branca e Killer Buds, em de abril de 2004 fizemos uma label party em Porto Alegre com mais de 30 horas de festa e com todos os artistas da gravadora. No ano de 2005 a gravadora se reformulou e passou a ser um portal de vendas de e-music proporcionando aos usuários a possibilidade de fazer dawnloads de e-music de artistas do mundo todo e melhor com preços acessíveis e moeda corrente. Hoje sou manager da IWFC no Rio Grande do Sul e Santa Catarina buscando e agregando ao site antigos e novos talentos produtores de eletrônica indiferente de estilos. A Ultravision além de ser a principal empresa de cenografia do Estado também é uma produtora e trabalha em parceria junto à outra produtora com o qual faço parte a Daylight, sempre inovamos nossos eventos e trazemos artistas de diferentes partes, não só do Brasil como da gringa, sem esquecer do lado filantrópico, consciência ecológica e do conceito quando se trata de festa de música eletrônica.


6-) Que visão você tem dos sites que vendem música eletronica? É possível competir com a pirataria e com os downloads gratuitos? De que maneira?

Acredito que a melhor sacada no meio musical foi a venda de e-music pela internet através de dawnloads, mas isso vai passar por uma transformação e conscientização do próprio público. O cd importado além do problema com o cambio flutuante sofre com o acréscimo dos impostos Brasileiro chegando a um valor final absurdo fazendo com que as pessoas busquem o dawnload gratuito, e, os cds que são prensados no Brasil são insuficientes para agregar o case de qualquer dj ou amante de música eletrônica. Além do problema econômico, temos o problema cultural, nem todo mundo sabe que a música baixada pela internet de forma gratuita prejudica o artista e o mercado fonográfico no geral além de baixar a música com qualidade muito inferior ao som wav. Em longo prazo as pessoas iram buscar a música de boa qualidade, mas economicamente as empresas taram que fazer sua parte disponibilizando os dawnloads com um valor acessível, além disso, campanhas envolvendo artistas que produzem música eletrônica seriam uma boa sacada para conscientização. A IWFC, por exemplo, disponibiliza dawnlodas num preço extremamente justo e acessível é só acessar para conferir, iwfc.imusica.com.br.

7-) Como a indústria do trance se mantém hoje?

Aqui em Porto Alegre a cena cresce a cada ano, rolam diversas festas legais por todo o estado até festivais rola por aqui. O público está cada vez mais exigente, e tendo uma melhor percepção do que é o som bom e o som ruim, os produtores são interessados em suprir a necessidade dos freqüentadores investindo em artistas de alta qualidade, organização, cenográfica e local cada vez mais distante da cidade. Ainda falta muito a melhorar, mas acredito que esses são elementos fundamentais para manter uma cena em crescimento.

8-) Você está contente com a cena brasileira hoje?

Em partes sim, a cena teve uma grande evolução e levou a cultura da música eletrônica até as pessoas sem visar classe social ou statos, isso não tem preço e é extremamente gratificante de ver. Além disso, hoje podemos dizer que a nível mundial o Brasil é referência em quantidades de eventos, mas peca em qualidades e valorização do produto que em de fora. Por outro lado existe uma prostituição profissional, e muitos oportunistas que visam apenas o lado e produzem eventos de baixa qualidade visando apenas o lado financeiro, acabam contribuindo para que o público perca referências, isso não é bom em lugar nenhum do Brasil. Outro fator agravante é o problema com o lixo, acredito que esse foi um dos primeiros sinais que a cena brasileira estava entrando num processo extremamente capitalista, poucas festas se vai e escutar falar sobre conscientização ecológica....

9-) No Sul é possível ganhar tanto dinheiro como em São Paulo? Ouvi dizer que a cena aí está cada vez maior... É verdade? E o mercado, está cada vez melhor para quem vive disso, ou você gostaria de reclamar de algo?

Não é possível ganhar tanto dinheiro como em São Paulo até mesmo por uma questão populacional. As festas comerciais levam uma grande fatia do mercado, porém a cada ano perdem público para festas menores e bem mais estruturadas e preocupadas com falta de infra-estrutura e conceito. Temos um evento que rola no litoral chamado Outro Mundo, dois dias de festa paralelo a um mega evento chamado Planeta Atlântida, é uma festa extremamente conceituada, tradicional e preocupada com o meio ambiente, oferece oficinas diversas e não deixa de ter uma mega estrutura comercial, alcança o público de todo o estado às pessoas acampam e vivem em espírito de paz é produzida com quem realmente se preocupa com uma filosofia Trance, isso existe por aqui, podem apostar!

10-) por que você mudou para o Rio Grande do Sul? Oportunidades? Negócios? Feelings? Ou o que mais?

Depois de passar dois anos na Europa onde adquiri muita experiência como profissional retornei para o Brasil toquei em algumas festas em São Paulo e fiz os primeiro contatos com a galera de Porto, especificadamente com a Sabrina Flow uma das pessoas que mais acreditou na cena trance gaúcha e no meu trabalho. Fiz minha primeira apresentação aqui em porto em 2003 numa Earthdance, à cena estava iniciando, mas já tinha cara que iria dar muito certo. Fui convidado a participar do principal núcleo e pioneiro de festas Trance em Porto Alegre a Psyconautas, a partir daí foram rolando diversos eventos e a cena foi crescendo a cada ano, fiz diversos amigos e acabei tornando referência como profissional em todo o Estado, Fizemos três festivais num lugar maravilho chamado Garapiá (Garapiá Trance Festival) onde teve divulgação a nível Nacional e decidi fixar residência aqui no RS. Aqui em porto o mercado é muito justo do comparado com São Paulo, o dj e produtor que é bom realmente são visto com outros olhos pelos produtores. Hoje vivo de música, produzo musical eletrônica e trilhas para sites e filmes, tenho um projeto de psytrance chamado DreamLines, sou valorizado pelo profissional que sou e adoro essa terra, ela é extremamente bonita e agradável.

Obrigado Gaby
Márcio TPS (IWFC recs – SP/RS)
Booking:
djtps@hotmail.com (msn)51-81649793

9 comentários:

Anônimo disse...

Concordo com o Márcio. É uma política desleal com o mercado essas panelas. Não da para escoher uma pessoa para tocar em uma festa cujo ingresso geralmente é super caro, por ela ser sua amiga, e não por tocar bem.

Anônimo disse...

Parabéns para o marcio! bem consciente do que esta falando!
a cena precisava de mais pessoas serias e comprometidas com a verdade como esse cara. parabens!

Anônimo disse...

Isso é que é sinceridade!!!!!!
Gostei de ver, ja ta na hora mesmo da gente desmascaras as grandes organizaçoes!

Anônimo disse...

E vivam os downloads!

Leoparda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Leoparda disse...

Tb gostei mto da entrevista, por isso resolvi publicar aki, para quem passar pelo blog ter uma opção para se informar "sem papas na língua", uahuah
Q bom q gostaram...
Beijos a todos e obrigada por visitarem o blog!

Anônimo disse...

óia!
curti o palavreado do cara em!
parabéns tb a leoparda pelo belo blog.
bjo

Anônimo disse...

Como tem paulista hipócrita nesse meu estado!!!
Não vou fazer o mesmo..
Não menospreso o trabalho do marcio,muito pelo contrario,ele faz um belo trabalho, mas quem forma djs e vem fala esse tipo de coisa aqui...Só tem um nome!!!

Mas fica ai meu prestigio...
Como produtor, ele é um ótimo dj!!!
E tenho dito!!!

Anônimo disse...

Paulistano da Zona Leste

meus Parabéns

Profissional e Conhecedor
Madame Satã / 8ªD.P / OverNight / Toco / Contra-Mão / Club Nation

80 e 90 quem sabe, sabe

Sucesso